Nem sempre se trata de uma atitude, idéia ou sentimento em desacordo com as leis de Deus. Geralmente decorre de uma sanção interna por algo interna em desacordo com princípios e normas pré-estabelecidas. Resulta na inadequação entre o ato e a norma.
Algumas vezes se deve à forma como o indivíduo, face às influências da cultura e do meio social, se sente ou se posiciona. Pode se sentir culpado por alguma coisa que, se vista sob outro ângulo teria outra conotação. Ao invés da culpa, nesse caso seria mais adequada a responsabilidade pessoal sobre o ato cometido.
A culpa é a impressão da responsabilidade que se assume diante de uma ocorrência passada, sem no entanto, a coragem de resolvê-la. Muitas vezes a pessoas se sente impotente para solucionar o conflito do qual se atribuiu a autoria. Geralmente quem se sente culpado, inconscientemente deseja e atrai algum tipo de redenção.
Liberar-se da culpa é colocar-se diante das conseqüências dos atos com a disposição de resolvê-los corajosamente. Muitas vezes, as conseqüências não tão drásticas como se pensa, visto que se antevê punições que também estão contaminadas pelos valores morais e sociais de cada época.
Todas as atitudes que o ser humano tem, por mais vis que sejam, podem não deixar culpa quando, ato contínuo à realização, advém o trabalho sincero de reparar-lhes as conseqüências danosas a si e aos outros. Não basta o arrependimento nem a realização de outro ato compensatório, pois o trabalho de reparação requer retornar-se às causas geradoras daquilo que foi feito. O processo de reparação não é punitivo ou compensatório, mas sempre educativo.
Para a eliminação da culpa é preciso aprender a não fazer mais o que se fez e internalizar a lei de Deus que não conhecia, antes de se cometer o ato equivocado.
Diante da culpa e com consciência plena de ter feito algo inadequado, algumas atitudes psicológicas e práticas são recomendáveis.
Do ponto de vista psicológico, quando se comete algo que acredita estar em desacordo com alguma norma, instala-se automaticamente o processo de culpa. Abre-se, dessa forma, uma porta para que algum evento externo venha conectar-se a essa “permissão”. Quando a culpa é inconsciente, proveniente de vidas passadas, algum evento ocorrerá para que se repare o equívoco.
A psiquê fica vulnerável à ocorrência de um evento externo para que o sistema entre em equilíbrio, e se feche a porta que se foi aberta. Esse evento externo não necessita da ação de outra pessoa, que pode, por livre arbítrio, tornar-se o “justiceiro” de nosso destino. Neste caso, a pessoa estará abrindo alguma porta que exigirá um evento correspondente, para seu próprio equilíbrio.
O trabalho de reparação dos equívocos cometidos, conscientemente ou não, pode ser feito sem que o espírito venha a sofrer. Para tanto deve:
• Formular detalhadamente o equívoco cometido
• Enumerar todas as razões pessoais, sejam condenáveis ou não que levaram ao ato
• Enumerar outras maneiras que poderiam ter sido utilizadas para a realização daquele ato
• Identificar atitudes, pensamentos e sentimentos que gostaria de evitar ocorrer de novo
• Verificar em que leis espirituais, das constantes nos próximos capítulos, “tropeçou”
• Estabelecer um plano exeqüível em que agora haja de acordo com cada lei que contrariou por atuação indevida ou desconhecimento
• Submeter suas conclusões a outra pessoa
As culpas são processos que permitem a instalação de obsessões, quando não nos confessamos a nós mesmos, a alguém e a Deus. Tornam-se perigosas companheiras psíquicas na medida que desejamos ser punidos.
Às vezes, a culpa é tão forte que chegamos a somatizar processos físicos dolorosos de reparação. Algumas doenças, até mesmo a síndrome do pânico, podem se originar das culpas não trabalhadas. Na culpa, o ego submete-se ao complexo de rejeição e de auto punição.
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